Formulário 926: Guia Completo para Transferência de Bens ao Exterior
O Formulário 926 deve ser preenchido por cidadãos dos EUA ou portadores de green card que realizam a transferência de bens para uma empresa...
O transfer pricing, ou preço de transferência, sempre foi um dos temas mais relevantes e complexos da tributação internacional. Ele regula as operações entre empresas de um mesmo grupo econômico que realizam transações internacionais.
Até pouco tempo, o país utilizava um modelo próprio de preço de transferência no Brasil, baseado em margens fixas. Embora fosse considerado simples e previsível, esse sistema gerava problemas recorrentes.
A partir de agora, com a adoção do novo sistema de preços de transferência alinhado à OCDE e ao princípio do arm’s length, o cenário muda radicalmente. Essa atualização coloca o Brasil em sintonia com mais de 140 países que já seguem o mesmo padrão.
Neste artigo, vamos explicar o que é transfer pricing, quais mudanças entram em vigor e como sua empresa deve se preparar para esse novo momento.
Resumo
Transfer pricing é o conjunto de regras que define os preços em transações internacionais entre empresas de um mesmo grupo, para evitar distorções fiscais e dupla tributação.
O princípio do arm’s lenght é a base do novo sistema, determina que operações entre partes relacionadas devem ocorrer como se fossem feitas entre empresas independentes, em condições de mercado.
Principais mudanças: alinhamento do Brasil às diretrizes da OCDE, adoção dos cinco métodos internacionais de cálculo e maior exigência de documentação.
Navegue pelo conteúdo.
O transfer pricing, ou preço de transferência, é o conjunto de regras que define como devem ser estabelecidos os preços em transações internacionais realizadas entre empresas de um mesmo grupo multinacional.
Isso inclui operações como venda de mercadorias, prestação de serviços, empréstimos, pagamento de royalties e uso de intangíveis.
A lógica é simples: sem uma regulação clara, companhias poderiam manipular preços internos para transferir lucros de um país para outro, escolhendo localidades com menor tributação.
Esse movimento, conhecido como erosão da base tributária (Base Erosion and Profit Shifting – BEPS), gera perdas bilionárias para governos e compromete a concorrência justa no mercado global.
Por isso, o transfer pricing no Brasil e no mundo tem como objetivo principal garantir que as transações ocorram em condições de mercado, respeitando o chamado princípio do arm’s length, isto é: os preços devem ser equivalentes aos que seriam praticados entre partes independentes.
O preço de transferência no Brasil foi regulamentado em 1996, com um modelo diferente do adotado pela maioria dos países.
Enquanto o padrão internacional já adotava amplamente o princípio do arm’s length, o sistema brasileiro seguiu um caminho próprio, baseado em margens fixas e fórmulas pré-definidas.
Esse modelo trouxe simplicidade e certa previsibilidade para as empresas, mas sacrificou a aderência às melhores práticas internacionais. Como consequência, gerou:
Embora jovem e com vantagens no passado, esse sistema tornou-se insuficiente diante da complexidade do comércio e da tributação internacional moderna.

Com a aprovação da Medida Provisória nº 1.152/2022, que entrou em vigor em 2024, o Brasil alinhou seu sistema de transfer pricing às diretrizes da OCDE.
Este modelo internacional, utilizado por mais de 140 países, baseia-se no princípio do arm’s length, que determina que transações entre empresas associadas devem ocorrer como se feitas entre partes independentes, refletindo condições típicas de mercado.
O novo sistema de preços de transferência no Brasil passa a adotar oficialmente os métodos da OCDE para validar se uma transação segue o arm’s length principle:
Além disso, o novo sistema contempla regras específicas para intangíveis, serviços intragrupo, contratos de compartilhamento de custos e transações financeiras, temas que antes eram pouco explorados na legislação brasileira.

A adoção do novo sistema de preços de transferência marca uma virada para o ambiente tributário brasileiro.
Para companhias multinacionais e grupos que importam, exportam ou transacionam intangíveis, o transfer pricing no Brasil deixa de ser apenas uma obrigação burocrática e passa a demandar gestão estratégica.
O compliance tributário se torna mais rigoroso e a área financeira precisará estar preparada para lidar com novas metodologias, relatórios e auditorias.
Com a entrada em vigor do novo sistema de preços de transferência, a preparação não é mais uma escolha: é uma necessidade estratégica.
Empresas que atuam em transações internacionais precisam adaptar processos, revisar políticas internas e garantir conformidade com as diretrizes da OCDE.
Avalie como sua empresa define atualmente os preços em operações internacionais. Adeque contratos e práticas internas ao princípio do arm’s length para evitar inconsistências.
Identifique todas as operações relevantes: compra e venda de mercadorias, prestação de serviços, empréstimos, royalties e uso de intangíveis. Isso será a base para a documentação exigida.
Prepare estudos de comparabilidade, benchmarking e relatórios financeiros alinhados às exigências da Receita Federal. Isso será fundamental em eventuais fiscalizações.
Times de contabilidade, financeiro e jurídico devem ser treinados para aplicar corretamente os métodos da OCDE em transfer pricing.
Ajuste seus sistemas para capturar dados detalhados de transações, permitindo análises consistentes e conformidade com as novas regras.
Contar com consultorias em tributação internacional e transfer pricing pode acelerar a adaptação, reduzir riscos e evitar custos futuros com litígios.
O prazo de adaptação é curto, e empresas que deixarem para a última hora podem enfrentar custos maiores e riscos fiscais elevados.
Estar preparado significa não apenas evitar autuações, mas também aproveitar as oportunidades de operar em conformidade com padrões globais, o que fortalece a reputação e a competitividade da companhia.
Ao contar com a H&CO, sua empresa garante mais do que conformidade com a legislação: ganha segurança jurídica, eficiência tributária e competitividade internacional.
Antes de ir embora, fique com algumas respostas para as dúvidas mais frequentes sobre transfer pricing no Brasil.
O que é transfer pricing?
É o preço de transferência usado em transações entre empresas de um mesmo grupo. Garante que operações internacionais sigam valores de mercado.
Por que o Brasil mudou as regras de transfer pricing?
Para alinhar-se à OCDE, reduzir casos de dupla tributação e evitar erosão da base tributária.
O que é o princípio do arm’s length?
Transações entre partes relacionadas devem ocorrer como se entre empresas independentes.
Quando o novo modelo de transfer pricing entrou em vigor?
Foi implementado a partir de 1º de janeiro de 2024, com consolidação progressiva ao longo de 2025.
Quais são os métodos de transfer pricing da OCDE?
São cinco: CUP, PRL, Custo + Lucro, Margem Líquida Transacional e Divisão de Lucros.
Como as empresas devem se preparar?
Revisar contratos, mapear operações, organizar documentação e contar com consultoria especializada em transfer pricing.
O Formulário 926 deve ser preenchido por cidadãos dos EUA ou portadores de green card que realizam a transferência de bens para uma empresa...
O Tratado de Imposto de Renda Estados Unidos-Canadá é a pedra angular do comércio, investimento e cooperação transfronteiriços entre esses dois...
Se a sua empresa ainda depende de planilhas espalhadas, dados desencontrados e sistemas que não conversam entre si, é bem provável que o atendimento...