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5G no Brasil: o que esperar da nova tecnologia

A implementação das redes de telecomunicações 5G representam uma verdadeira revolução em diversas cadeias produtivas. Mais do que melhoria velocidade na transmissão de dados móveis, espera-se que a tecnologia seja capaz de gerar um ecossistema massivo de Internet das Coisas (IoT), no qual teremos bilhões de dispositivos conectados a partir de uma sintonia fina entre custo, latência e velocidade.
 
A maioria das aplicações dessa nova tecnologia trarão inovações notáveis em relação a capacidade armazenamento, computação e redes. Ao mesmo tempo, estaremos inseridos em um novo contexto de desafios na área de segurança, integridade e disponibilidade.
Na tentativa de exemplificar em quais termos se darão as mudanças listadas, preparamos um conteúdo exclusivo para tratar das perspectivas trazidas pelo 5G. Falaremos seu funcionamento, de como se deu a evolução da tecnologia, das principais aplicações na economia, além de apresentar quais os desafios relacionados a sua implementação.
 
Continue com a gente e boa leitura.
 

Como funciona o 5G?

Para explicarmos o funcionamento do 5G é válido utilizarmos uma associação com os aparelhos celulares. Esses aparelhos, como os conhecemos, funcionam como “rádios” capazes de captar a frequência de uma rede descentralizada, formada pelas antenas de telefonia.
 
Com essa nova tecnologia de conexão, as antenas existentes serão adaptadas para captar um novo espectro de ondas, que devem corresponder às seguintes especificações: 600 e 700 MHz, 26 e 28 GHZ e 38 e 42 GHZ.
 
Em termos práticos, isso significa que a transferência de dados realizadas pela rede 5G será em torno de 10 GB/s. Para termos de comparação, essa velocidade de transmissão chega a ser 10 vezes superior a realizada pelas redes 4G.
 
Com a mudança, poderemos ter diversas novas aplicações em termos de usabilidade da tecnologia. Além de um esperado aumento velocidade de transmissão de dados nas questões mais usuais, como acesso a redes móveis por smartphones e computadores, teremos máquinas e aparelhos realizando comunicação entre si.
 
Essa funcionalidade terá diversas aplicações na área de Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA). Mais do que receber comandos, as máquinas e equipamentos terão a capacidade de processar grandes volumes de dados e, com isso, tomar decisões de forma autônoma, dispensando a intervenção de um operador para a realização de diversas atividades.
 

Quais são as especificações técnicas do 5G?

Como vínhamos falando, uma das principais mudanças trazidas pelo 5G tem a ver com a velocidade de processamento dos dados, que pode vir a ser de 10 a 100 vezes superior às redes 4G.
 
Imagine, por exemplo, fazer o download de um filme em 6 segundos ou carregar uma página de internet em milissegundos. Imaginou? Pois saiba que essas são apenas algumas das tantas aplicações do 5G.
 
Mas, como já esclarecido, o 5G é mais do que velocidade. Entre suas principais características, vale ainda destacar a capacidade de latência.
 
O termo faz referência ao tempo médio em que um dispositivo, como um smartphone, leva para obter resposta de uma torre de transmissão. Pode se tratar do envio de dados, mensagens e operações afins.
 
Atualmente, redes móveis de terceira geração operam com latências acima de 100 ms. As redes 4G, por sua vez, funcionam em um intervalo que fica entre 30 ms e 70 ms — a depender da região, o tempo de resposta pode ser ainda mais baixo.
 
Já o 5G promete latências entre 5ms e 20 ms, que permitirão tempos de resposta inimagináveis entre as redes e os dispositivos.
 
Para citarmos mais uma aplicação dessa tecnologia, podemos falar da evolução dos carros autônomos. Desde que operando com uma elevada capacidade de conexão e baixa latência, eles podem integrar seus diferentes dispositivos, que passam a trocar informações entre si, dispensando a necessidade de sensores, câmeras e processadores de custos muito elevados.
 
Além disso, a conexão do automóvel com a própria via auxiliará o carro autônomo no tráfego. O veículo identificará mais facilmente cruzamentos, objetos móveis, elementos vivos, entre muitos outros aspectos indispensáveis a dirigibilidade.
 
Confira, abaixo, uma ficha técnica completa sobre a tecnologia 5G:
  • Uma taxa de dados de até 10 Gbps -> 10 a 100 vezes melhor que as redes 4G e 4.5G.
  • Latência de 1 milissegundo.
  • Banda larga 1.000 vezes mais rápida por unidade de área.
  • Mais de 100 dispositivos conectados por unidade de área (em comparação com as redes 4G LTE).
  • Disponibilidade de 99,999%.
  • 100% de ​cobertura.
  • Redução de 90% no consumo de energia da rede.
  • Duração da bateria de até 10 anos nos dispositivos IoT (Internet das Coisas) de baixa potência.

Do 1G ao 5G: como ocorreu a evolução das redes de telecomunicações?

 
Até a chegada do 5G, a tecnologia de redes de telecomunicações percorreu um longo caminho. De forma bastante resumida, podemos traçar o seguinte retrospecto:
  • As redes 1G trouxeram mobilidade aos serviços de voz analógicos.
  • As redes 2G trouxeram os serviços digitais de voz por celular e serviços de dados básicos (SMS, GPRS) – assim como os serviços de roaming em todas as redes.
  • As redes 2.5G trouxeram ligeira melhoria para os serviços de dados com o Edge.
  • As redes 3G trouxeram uma melhor experiência de internet móvel, porém, com sucesso restrito para desencadear a adoção maciça dos serviços de dados.
  • As redes 3.5G trouxeram uma verdade experiência de internet móvel onipresente, desencadeando o sucesso dos ecossistemas de apps móveis.
  • As redes 4G trouxeram os serviços baseados em IP (Voz e Dados), uma experiência de internet de banda larga rápida, com protocolos e arquiteturas de redes unificadas.
  • As redes 4.5G (LTE advanced) dobraram as velocidades de dados das redes 4G.
  • As redes 5G expandem os serviços sem fio de banda larga além da internet móvel até a Internet das Coisas e segmentos de comunicação essenciais.

A tecnologia 5G é segura?

Atualmente, as redes 4G utilizam a aplicação USIM (sigla em português para módulo de identificação de assinante) para realizar a autenticação mútua forte entre usuários e dispositivos associados a uma mesma rede. A entidade que hospeda a aplicação USIM pode ser um cartão SIM removível ou um chip UICC embutido.
 
Esse nível de autenticação é crucial para garantir conexões seguras e confiáveis. As soluções de segurança em questão funcionam a partir de uma combinação entre a segurança na ponta (dispositivo) e a segurança no núcleo (rede).
 
Com a implementação do 5G, a estrutura de segurança descrita poderá coexistir com soluções voltadas para a nuvem (SEs, HSM, certificação, provisionamento Over-The-Air e KMS), garantindo a integridade das conexões a serem estabelecidas.
 

Quais os desafios para a implementação do 5G no Brasil?

As faixas 5G no Brasil já estão disponíveis em algumas capitais e no Distrito Federal desde julho de 2022. Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa fazem parte da lista de localidades contempladas com o sinal “puro”.
 
No entanto, isso não significa que usuários com dispositivos aptos para captação do sinal possam usufruir da tecnologia. Isso porque as operadoras ainda estão realizando um amplo trabalho logístico para habilitação integral da faixa de frequência.
 
Nesse sentido, a principal iniciativa em curso passa por desabilitar a rede de antenas parabólicas que utilizam a faixa de 3,5 Ghz – mesma faixa de frequência utilizada pela rede 5G.
 
Para tanto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) desenvolveu um programa de distribuição gratuita de antenas parabólicas com tecnologia Banda C, que é equipada com antenas digitais. Para ter acesso ao benefício, o cidadão precisa ter cadastro no Cadastro Único para programas sociais. O pedido pode ser feito no site do programa.
 
Efetivada a habilitação da faixa de frequência 3,5 Ghz, as operadoras deverão se readequar para operar nas redes 5G, o que demanda conhecimento técnico apurado e investimentos significativos em termos de infraestrutura.
 
Outro desafio notável tem relação com a exploração de capacidade das frequências. As redes 3G e 4G coexistirão com a rede 5G em um contexto no qual é esperado um uso massivo de aplicações relacionadas a internet das coisas. Isto é, as faixas de frequência já utilizadas poderão chegar ao limite de sua capacidade.
 
E, para não chegarmos a uma situação limite, as redes de telefonia móvel precisarão operar, então, em um novo espectro na faixa de 6 a 300 GHz, o que significa investimentos maciços em infraestrutura de rede.
 
Todas as mudanças de infraestrutura listadas devem ocorrer ao longo dos próximos quatro anos. É esperado, portanto, que neste período tenhamos uma habilitação gradual das redes 5G, movimento que deve ser acompanhado pelo surgimento de uma nova geração de dispositivos compatíveis com essa tecnologia.
 

5G no mundo: qual o alcance dessa tecnologia?

O mundo caminha para chegar a 1 bilhão de usuários 5G até o final de 2022. Os dados foram divulgados pela GSMA, associação que congrega operadores móveis de todo mundo.
 
Os números são puxados, principalmente, por países asiáticos. Enquanto na Coreia do Sul a cobertura 5G já supera os 90%, na China já passa de 60%. Os EUA vem logo atrás com 40% de cobertura.
 
O continente europeu, por outro lado, parece estar ficando para trás em relação ao desenvolvimento de redes de quinta geração. Eu toda a Europa a cobertura não chega a 10% do território.
 
Outras localidades caminham em ritmo ainda mais incipiente. Em grande parte do continente africano a transição nem sequer começou, enquanto que na América Latina a implementação ainda engatinha.
 

Quais as principais aplicações do 5G para a economia?

Vejamos, então, quais as principais aplicações do 5G na economia.
 

Indústria

A possibilidade de comunicação máquina-máquina é uma das principais promessas do 5G para a indústria. Operando por essa perspectiva, as empresas do setor poderão automatizar processos e integrar diferentes cadeias produtivas.
 
Segundo especialistas, essa nova tecnologia seria responsável por uma nova era na história da indústria. Pelo menos, é o que garante José Borges Frias Júnior, Diretor de Inovação Corporativa da Siemens, em entrevista concedida ao portal A voz da indústria.
 
O uso do 5G para a indústria visa melhorar significativamente a flexibilidade, versatilidade, usabilidade e eficiência das futuras fábricas inteligentes. A Indústria 4.0 integra a Internet das Coisas e os serviços relacionados na fabricação industrial e oferece integração vertical e horizontal contínua em toda a cadeia de valor e em todas as camadas da pirâmide de automação, indica.
 
Diante disso, não podemos nos esquecer que a conectividade é um dos elementos essenciais da chamada Indústria 4.0. Essa dimensão é o que permite a coordenação de esforços entre máquinas, pessoas e objetos.
 

Varejo

Assim como ocorrerá na indústria, o varejo poderá se beneficiar diretamente da tecnologia 5G. Entre os impactos mais relevantes, podemos citar a otimização de experiências já conhecidas, como a realidade virtual e aumentada, as live commerce e o metaverso.
 
Segundo Gustavo Pisani, diretor de varejo do Grupo FCamara:
 
As vantagens do 5G não se referem apenas aos recursos tecnológicos avançados que podem revolucionar a experiência de consumo, como a realidade virtual e o metaverso. Detalhes simples como a velocidade na hora de efetuar um pagamento também impactam a experiência do cliente e sua fidelização, e podem se tornar ainda melhores no cenário pós 5G, com soluções de biometria e reconhecimento facial.
 
Disso podemos concluir que representantes do setor varejista devem ficar atentos às principais inovações trazidas pelo 5G. Mesmo aquelas mudanças consideradas pouco substâncias podem impactar diretamente a experiência do consumidor, possibilitando melhores resultados em termos de vendas.
 

Startups

Como já era previsto, as startups tem tudo para retirar grande proveito da implementação do 5G. Além da inovação, a redução de custos está entre as razões para se integrar a tecnologia ecossistema digital. A previsão é que a convergência das telecomunicações e da Tecnologia da Informação em velocidade cada vez maior elimine processos considerados dispendiosos e engessados, expandindo possibilidades de investimento em áreas ainda em desenvolvimento das empresas do setor.
 
Outra preocupação que pode ser atenuada com a adoção do 5G é o aperfeiçoamento de rotinas de segurança no âmbito das startups, sobretudo após a consolidação do teletrabalho como regime preferencial de atuação das equipes.
 
A mudança provocada pela adoção do trabalho remoto tornou dados digitais mais expostos e, consequentemente, mais vulneráveis a vazamentos e ataques cibernéticos. Com isso, o investimento em segurança tende a acompanhar as inovações nas áreas de telecomunicação e tecnologia da informação.
 
Agora que você já sabe tudo sobre as perspectivas para o 5G no Brasil, o convidamos a conferir mais um artigo em nosso blog. Desta vez, falamos sobre Como ter uma gestão de sucesso no seu negócio.
Sobre o autor
H&CO